quarta-feira, 13 de maio de 2009

O Brasil realiza sua primeira safra de milho transgênico e inicia uma tendência que veio para ficar.


Menos defensivos e mais milho por hectare. Esse foi o balanço dos produtores da região de Tupanciretã, no Rio Grande do Sul para a primeira colheita de milho transgênico no Brasil realizada a partir de 20 de março. Os primeiros resultados vieram de campo experimental da Fazenda Tarumã, no município de Jóia, a 440 quilômetros de Porto Alegre, e surpreenderam positivamente os milhocultores.

De acordo com o gerente da Tarumã, José Domingos Lemos Teixeira, os quatro híbridos com o gene modificado (AG 9020 Bt, AG 8015 Bt, AG 8011 Bt e AS 1551 Bt) que contavam com seus correspondentes convencionais (AG 9020, AG 8015, AG 8011 e AS 1551) apresentaram produtividade em média 16,6% superior a essas últimas. No campo experimental de milho da fazenda, foram plantados 27 híbridos de milho convencional e cinco de milho transgênico em uma área de 3,5 hectares. (ver tabela na página seguinte).

“Mesmo que a produtividade seja a mesma, o produtor já sai ganhando, devido à redução no número de aplicações de defensivos e à consequente vantagem ambiental. Além do custo relativamente alto, os agroquímicos utilizados para combater a lagarta-do-cartucho são muito agressivos ao meio ambiente”, aponta Almir Rebelo, presidente do Clube Amigos da Terra (CAT) de Tupanciretã e um dos pioneiros no uso de sementes transgênicas na região. Ele ainda lembra que a agricultura convencional já utiliza inseticidas a base de Bt há mais de 50 anos. “Já sabemos que não é prejudicial ao homem, aos animais ou ao meio ambiente”.

Veio para ficar – José Domingos conta que o milho Bt demandou apenas uma aplicação, preventiva, de defensivos, enquanto os convencionais necessitaram de três aplicações, curativas. “Graças a isso, os custos caíram 4%”, afirma. O produtor antecipa que pretende aumentar o uso de milho transgênico nas próximas safras. “Devemos plantar 90% da área, de 540 hectares, com o milho Bt já na safra 2009/2010. Isso deve garantir cerca de R$ 300 a mais por hectare”.

Empolgado com o milho transgênico, Almir Rebelo prevê que a biotecnologia deve estar presente em mais de 90% das lavouras de milho gaúchas em apenas alguns anos. “A biotecnologia veio para ficar”, garante. Sobre o campo experimental da Fazenda Tarumã, o gerente José Domingos se orgulha: “É importante podermos contribuir para o desenvolvimento do agronegócio”.

Jason de Oliveira Duarte, pesquisador da área de economia agrícola da Embrapa Milho e Sorgo, também não tem dúvidas que a prática do cultivo do milho transgênico veio para ficar, pois atende o aspecto econômico ao reduzir o uso de insumos e de serviços, o aspecto ambiental pela redução do uso de defensivos e o social ao proteger a saúde do aplicador. “A lagarta do cartucho do milho pode apresentar uma perda em torno de 40%. Dependendo da infestação, há quem chega a realizar de 12 a 15 aplicações de defensivos. A média brasileira é de cinco a seis, mas o normal é de duas a três. Com a utilização do milho Bt a lagarta morre ao comer a folha ou o caule do milho”, diz o pesquisador. Segundo Jason, mesmo o produtor pagando mais pelo milho Bt, ainda sairá ganhando em relação aos custos que normalmente tem com a aplicação de defensivos. E com menos aplicações, terá mais tempo para se dedicar a outras atividades ou ao lazer, sem contar que sofrerá menos riscos à saúde.

De acordo com dados da consultoria Céleres, o plantio de milho Bt no Brasil no ciclo 2008/09 alcançou 1,4 milhão de hectares. A área com milho no País, segundo a Conab é de 14,3 milhões de hectares. O Rio Grande do Sul é o terceiro Estado no ranking, com 198 mil hectares, atrás do Paraná (350 mil hectares) e Mato Grosso (248 mil hectares). A projeção foi feita com base na disponibilidade de sementes e para 2009/10 a previsão é de um aumento de 100% na área com a entrada das variedades já liberadas da Dow AgroScience, Syngenta e Bayer.

Fonte: http://www.panoramarural.com.br/noticia.aspx?id=1059&edic=0

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